Conflitos mundiais ocorrem por falta de bom entendimento entre as partes. No Brasil, essa falta de entendimento parece cada vez mais frequente e intensa com a polarização das opiniões políticas, em que lados opostos não se permitem discutir problemas e possíveis soluções sem xingamentos ou algo pior.
Precisamos mudar essa cultura de ódio e proporcionar situações em que discutir ideias opostas seja visto como normal! As competições de debate têm esse papel por serem jogos com regras que permitem que os participantes se aprofundem em temas diversos sem o viés da discussão pela discussão.
Ao se engajar em debates regrados, seja como debatedores, juízes ou como público, as pessoas experimentam situações de discussão saudável naturalmente replicáveis em suas vidas. Isso porque ao vivenciar um debate em que opiniões contrárias são claramente expostas, sem que haja ataques pessoais aos que pronunciam tais opiniões, mas sim com foco apenas nas ideias, os envolvidos percebem que é possível discutir sem brigas e, portanto, podem replicar isso em outras discussões cotidianas.
As competições de debate têm formatos e regras variados. As que costumamos realizar pela Argumentaê são similares aos debates políticos em que há dois lados e há tempo contado para cada fala. Nessas competições, um lado defende uma proposição e outro a refuta. O diferencial comparado a um debate político é quem defende qual lado: essa posição é escolhida aleatoriamente, por sorteio. Ou seja, ali a opinião real de quem debate não necessariamente é revelada e sua defesa pode não corresponder à sua crença. Com isso, não faz sentido ataques pessoais já que nem mesmo sabemos o que a pessoa que defende um lado pensa de verdade sobre aquele tópico, ela está defendendo para ganhar a competição!
Acredito – e tenho visto nas nossas práticas – que ao termos as pessoas se inserindo em situações de debate em que elas estão de certa forma protegidas da briga e da discussão pela questão das regras. Ao perceber isso através desses debates, que são simulações da vida real, as pessoas se sentem mais à vontade em debater em situações fora desses ambientes regulamentados. Ao internalizar debates como algo natural, os conteúdos podem ser aprofundados, já que as pessoas vão realmente falar, ouvir e refletir sobre os assuntos discutidos nos seus mais diversos lados.
Esta prática também faz os participantes esclarecerem o que seus oponentes dizem ao externar uma opinião, já que não terão medo de falar abertamente sobre o assunto discutido e, assim, desentendimentos e conflitos serão evitados. Você concorda? Já vivenciou um debate em uma competição ou na sala de aula? Conta para a gente!