28/08/2016
Um sentimento que parecemos ter sobre o comum, o social e político é o de que as coisas precisam mudar. Uma mudança urge! Mas como gerar esta transformação? É preciso dispender tempo e energia nisso. Até mesmo para ler/escrever este texto, o é. Dispostos a isso, temos de pensar sobre os instrumentos, os meios e os modos com que podemos gerar alguma mudança.
Quando cogitamos alterar a realidade em maior escala, falamos em reforma política, tributária, econômica, em mudar a maneira da representatividade, quantas propostas não pensamos! Mesmo sem me aprofundar mais do que ler alguns artigos na internet e ouvir discursos de posse, sou capaz de reconhecer esses tantos aspectos que não estão fluindo bem.
Mas ok, então, diante desses âmbitos em que enxergamos falhas, o que posso levantar agora e fazer de diferente? Parece não haver nada. Dá um certo desespero, não? Com as pessoas que converso, reconheço essa etapa e essa angústia. Afinal onde e como podemos atuar no sentido de que algo mude, se essas possibilidades mencionadas nos parecem tão distantes que causam até bloqueio e fadiga?
Pois bem, algo que me veio à mente diante desses momentos que vão e vêm foi: a mudança existe, até quando não queremos, algo, mesmo que pequeno, sempre muda. Onde posso atuar para influenciar essa alteração e em que sentido quero fazer isso? Assim retorno aos instrumentos, meios e modos.
Ah a informação, ela é um elemento importante para que algo possa ser feito, mas como obtive qualquer informação? Foi dispendendo energia e tempo em ler, conversar e pensar a respeito de um determinado assunto.
Será que posso gerar esse elemento em outras pessoas? Supondo que estejam dispostas a prestar atenção, a se importar, é preciso que o modo com que as pessoas interajam proporcione isso a elas, que elas não fiquem apenas falando e repetindo sem observar nenhum elemento externo. “Que tal o debate competitivo?”, sugeriu-me a rede social.
Foi em meio a este processo interno que conheci o Argumenta Aê, uma maneira de estimular a expressão e compreensão de argumentos sobre variados temas. O primeiro passo em vista de qualquer mudança. Uma ferramenta para múltiplas ideologias. O início de todo movimento.
À semelhança do evento organizado pela equipe recentemente na Rádio Capivara, cuja moção era acerca da validade do uso dos piquetes em movimentos estudantis; o debate não se propõe a ter como efeito uma tomada de ação das pessoas em, neste exemplo, levantar-se, sair do evento e se dirigir diretamente ao local da greve para atuar boicotando ou montando piquetes, mas sim o resultado que presenciamos em encontro posterior com os participantes do debate: a coragem e a garra para mergulhar em novos debates, em se aprofundar e buscar informações sobre novos temas ético-políticos sem fazer disso uma luta de egos, com briga ou desentendimento.
O resultado desta ocorrência, a meu ver, foi de total proveito a todos os envolvidos. É uma prova de que o meu raciocínio (acima descrito) em vista de alguma transformação se confirma e é factível. A experiência serve de estímulo para a continuação e renovação do processo. Espero que mais pessoas possam também reconhecer neste modo de agir uma maneira de mudar realidades e que o Argumenta Aê continue cumprindo a excelente atividade a que se propôs.