E essa frase aqui, afirmação ou não? Tema sensível para muitos, mas estava como exemplo no livro de Carnielli e Epstein, então vamos lá, conversar se essa é uma afirmação ou não.
Se o interlocutor discordar, é porque está implicitamente aceitando o exemplo como afirmação, quer dizer, como algo que pode ser verdadeiro ou falso.
Se o interlocutor concordar, também.
Mas e se pensamos que não é possível saber se Deus existe ou não? Nesse caso escutamos o que a pessoa diz e interpretamos como uma constatação de suas crenças, de sua fé ou ausência de fé em Deus.
E isso não é nem persuasão, muito menos uma afirmação que pode constituir parte de um argumento.
O elemento importante aqui é entender que quando estivermos em diálogo com as pessoas, essa será uma escolha que sempre teremos que fazer.
Em relação a Deus é habitual dizer que não se pode conhecer. Já desde Kant e a modernidade (fim do período medieval), Deus deixou de ser conteúdo de conhecimento e mantemos outro tipo de relação com esse conceito.
Porém haverá situações em que não estará tão claro se devemos interpretar como crença ou como afirmação objetiva o que a outra pessoa diz. Mais pra frente veremos isso com mais detalhes e exemplos.
Referência: O pensamento crítico: o poder da lógica e da argumentação de Walter Carnielli e Richard Epstein